A música paraense tem ganhado projeção nacional no último ano, com espaço em premiações e festivais de grande porte. Viviane Batidão é um dos nomes que encabeça o movimento. Conhecida no Pará como a rainha do tecnomelody, ela tem agido também como uma embaixadora extraoficial da região. Seu objetivo é fazer o Brasil conhecer não só seu trabalho, mas a cultura do estado.
“Não tenho tantas ambições. Eu tenho alguns objetivos. Meu objetivo é levar minha cultura o mais longe possível. Se for possível a gente ganhar um Grammy Latino… (risos) Hoje, pra mim, tudo é possível. Não duvido de mais nada. Depois do Prêmio Multishow, que pra mim era tão distante, eu não duvido de mais nada”, Viviane conta ao POPline.
(Foto: Divulgação / Alle Peixoto)
Ela venceu o Prêmio Multishow 2024 na categoria Brasil após mais de 20 anos de carreira. Os meses seguintes foram de projeção nacional: um show no The Town com Joelma, Dona Onete, Zaynara e Gaby Amarantos; um show no especial “Amazônia: Live”, transmitido para todo o mundo pela Internet; e um convite para o “Global Citizen Festival: Amazônia”, que acontecerá em Belém no próximo sábado (1º/11). “Não é moda, porque modinha passa. O Brasil está descobrindo o Brasil”, sublinha Viviane.
Álbum para dialogar com mercado nacional
Aproveitando este momento inédito de tanta visibilidade, ela lançou “É Sal”, seu primeiro álbum de estúdio. “Com essa falta de inclusão, a cultura nortista, paraense, criou um modo próprio de fazer as nossas construções, de divulgar nossas músicas, que são as aparelhagens. A gente sempre fez música, mas nunca se ligou em fazer um álbum, pelo menos eu. Nunca tinha me ligado”, comenta. Ela tem muitos sets.

(Foto: Divulgação)
O que aparece como álbuns de Viviane Batidão nas plataformas digitais são, na verdade, a junção de músicas de um set. “Temos uma autonomia muito própria nesse mercado aqui nosso. Mas, como tive que me adaptar ao mercado nacional, tive que criar meu primeiro álbum de estúdio. Não foi fácil, foi muito difícil”, admite. O processo foi completamente diferente.
“Eu pensei: ‘Meu Deus, não sei se o mercado nacional entende o que a gente faz de fato. Mas vou arriscar fazer o original’. Se não me encaixar, eu tenho minha história aqui. Tenho o meu público. Nós vivemos bem da nossa cultura aqui. Somos um estado quase do tamanho de um país de tão grande. Mas eu fiquei, sim, meio com receio. Será que vai ser bem aceito?”, pondera a cantora.
Parcerias de Viviane Batidão
Por isso, “É Sal” é puxado por uma música em parceria com Pocah, “Mulher Gostosa”. A funkeira já é um nome de apelo nacional, e funciona como uma ponte entre o trabalho de Viviane e um mercado mais amplo. “Nacionalmente, ainda sou uma bebezinha”, diz Viviane. O álbum também conta com participações de Suanny Batidão, Priscila Senna e Japinha. A união de forças ajuda as músicas a chegarem mais longe nas plataformas digitais..
“Eu sou da época do Orkut, né? A gente, no máximo, tinha o YouTube para poder soltar algumas músicas, mas isso ainda veio depois. A gente soltava muita música no [site de uploads] 4shared, que a gente chamava aqui de ‘quatro charéd’, e no pen drive, né?”, comenta Viviane Batidão.

(Foto: Divulgação / Alle Peixoto)
Para este álbum, foi intencional a escolha de feats exclusivamente femininos. “Não tenho nada contra os meninos. Eles estarão nos próximos que vão vir – que eu já estou pensando em uma coisa bem legal pro próximo álbum”, ela diz. Mas ela quis reunir “mulheres lindas, fortes e que a representam”.
“Quando comecei no tecnomelody, conheci o trabalho da Priscila Senna quase que instantaneamente. Ela já era musa em Recife. A convidei para cantar ‘Veneza’ comigo. A mulher é um fenômeno não á toa. Poder fazer a junção dessa cultura que é tão próxima… Até saiu agora recentemente que Recife é a capital nacional do brega e Belém a capital mundial do brega. Ficou um negócio lá e cá… ‘Bora se unir! ‘Bora fazer com que o brega não fique só em Recife ou só em Belém. ‘Bora se unir que esse momento não é para ter rixa. É para falar de união”, conclui.
Fonte: POPline

