Com investimentos históricos em telemedicina e inteligência artificial, Brasil acelera digitalização da saúde pública, porém desafio agora é estruturar um cuidado mais longitudinal, integrado e centrado no paciente
O Brasil vive um dos momentos mais relevantes de sua história na transformação digital da saúde pública. Instituído formalmente em 2024 pela Portaria GM MS nº 3.232, o Programa SUS Digital marca a primeira vez em que a digitalização do sistema público de saúde recebe um direcionamento estratégico nacional, acompanhado de recursos robustos. Somente em 2024, o Ministério da Saúde destinou R$ 454 milhões para impulsionar essa agenda, com foco em conectividade, informação e ampliação do acesso aos serviços.
Dentro dessa estratégia, o governo federal iniciou a distribuição de 7 mil kits de telemedicina para Unidades Básicas de Saúde de 4.515 municípios, o equivalente a 81 por cento das cidades brasileiras. A expectativa é alcançar cerca de 10 milhões de atendimentos remotos até 2027. Entre 2023 e 2024, mais de 4 milhões de atendimentos a distância já foram realizados pelo SUS Digital, incluindo teleconsultas e telediagnósticos, consolidando a telemedicina como uma política pública em expansão no país.
Para João Guilherme Franco, executivo de Inovação Digital e autor do livro “Por que A Medicina Adoeceu?”, o avanço é relevante e necessário, mas ainda não suficiente. “O Brasil está fazendo um movimento importante ao investir em conectividade, telemedicina e inteligência artificial no SUS, algo que nunca aconteceu nessa escala. Isso precisa ser reconhecido como um passo decisivo para ampliar acesso e reduzir desigualdades”, afirma.
Segundo ele, o risco está em tratar a tecnologia como um fim em si mesma. “Quando o foco fica apenas na ferramenta, corremos o risco de criar um novo labirinto digital. A tecnologia só vira cuidado melhor quando vem acompanhada de desenho de processos, formação adequada dos profissionais e engajamento dos pacientes”, diz João Guilherme.
Apesar da expansão acelerada da infraestrutura digital, muitos profissionais de saúde ainda se sentem despreparados para atuar nesse novo cenário. Faculdades e instituições formadoras, em grande parte, não acompanham a velocidade das mudanças trazidas pela inteligência artificial, pela telemedicina e pelos modelos de cuidado conectados. “Estamos colocando tecnologias do futuro em um sistema que ainda foi desenhado para reagir à doença, e não para sustentar a saúde ao longo do tempo”, ressalta.
Para o autor, a digitalização provoca uma mudança mais profunda do que simplesmente levar a consulta para a tela. “A tecnologia está forçando uma nova arquitetura do cuidado, mais longitudinal, integrada e contínua, que acompanha o paciente antes, durante e depois do adoecimento. Isso exige repensar muita coisa: fluxos, papéis, responsabilidades e até a relação entre profissionais e pacientes”, explica.
É nesse ponto que João Guilherme atua como catalisador entre inovação e prática assistencial. “Meu trabalho é ajudar médicos, gestores e estudantes a entenderem o que realmente muda com a inteligência artificial e com o cuidado digital, indo além do discurso superficial e conectando ciência, comportamento e tecnologia”, afirma. A Health Shift vem desenvolvendo conteúdos, frameworks e espaços de discussão voltados a acelerar essa transformação com senso de urgência semelhante ao que se dedica ao tratamento das doenças depois que elas já se instalaram.
O primeiro volume desse trabalho, o livro “Por que a Medicina Adoeceu?”, já circula em universidades, eventos e serviços de saúde, e propõe uma reflexão crítica e pragmática sobre os limites do modelo atual e os caminhos possíveis para redesenhar o cuidado, com base em estudos e publicações científicas recentes. “Se conseguimos mobilizar recursos, tecnologia e inteligência para tratar doenças, também precisamos mobilizar tudo isso para evitar que elas aconteçam. A transformação digital do SUS é uma oportunidade histórica de fazer essa virada, desde que o cuidado esteja no centro”, conclui João Guilherme.

João Guilherme Franco
João Guilherme Franco é executivo de Inovação e Marketing com mais de 20 anos de experiência em diferentes mercados, como Grupo BTG, Michelin, Clearsale e Grupo RBS. É comunicólogo pela ECA USP, possui MBA em Internet das Coisas pela Poli USP e pós graduação em Marketing Estratégico pelo Insper, além de mais de duas décadas de atuação no desenho, implementação e comunicação de serviços com tecnologia e propósito.
Sua vivência pessoal, aliada a anos de pesquisas, reflexões e a uma trajetória transdisciplinar em grandes corporações e startups, culminou em uma profunda inquietação sobre um sistema de saúde sobrecarregado e que espera as pessoas ficarem doentes para agir enquanto temos tecnologias e amplo conhecimento disponível para construir uma jornada de cuidado junto ao paciente que seja muito mais efetiva e sustentável.
Com independência intelectual e base nas principais publicações científicas do mundo, fundou a Health Shift, iniciativa dedicada a ajudar profissionais e empresas de saúde a inovarem mais rápido e salvarem mais vidas, por meio de conhecimento em inovação, soluções práticas e caminhos para mudanças efetivas. Seu livro “Por que A Medicina Adoeceu?”, disponível no Clube dos Autores, é um convite pragmático para redesenhar o cuidado reunindo ciência, comportamento e tecnologia em processos, serviços e soluções que realmente salvam vidas.
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