A música sempre foi a linguagem que Renato Mor encontrou para dar voz à dor e, ao mesmo tempo, transformar sua história em inspiração.
Nascido em Petrópolis, mas criado em Manhuaçu, Minas Gerais, ele viveu uma infância marcada por perdas profundas. Aos 11 anos, viu o pai ser assassinado e, no mesmo ano, enfrentou o desaparecimento da mãe. Tornou-se órfão ainda criança e foi acolhido pela avó. Foi nesse período de dor que a música surgiu como refúgio e esperança.
Aos 12 anos, Renato encontrou também no cristianismo um novo sentido para seguir em frente. A fé e a música se entrelaçaram e se tornaram guias de sua vida. Sem recursos e sem estrutura, agarrou-se às poucas oportunidades que surgiam. Teve aulas gratuitas de música durante dois anos, com o professor Marcinho, e desenvolveu paixão por teoria musical e instrumentos. Era o início de uma jornada que o levaria a palcos e estúdios com alguns dos maiores nomes da música gospel do Brasil.
Aos 17 anos, já carregava no coração a decisão de seguir profissionalmente na música. Passou em uma audição para a Banda Rhema e começou a viajar pelo país, mas ainda tinha dúvidas se conseguiria sustentar uma carreira nesse caminho. Persistiu. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde dividiu uma pequena quitinete no Recreio com amigos, enfrentando dificuldades financeiras. Ali, conheceu o produtor renomado Felipe Trindade, que lhe propôs um acordo decisivo: trabalhar um ano gratuitamente em troca de aprendizado. Renato aceitou, e dessa experiência nasceu a base profissional que o consolidaria no mercado.
Com dedicação e talento, começou a gravar projetos relevantes, como o EP “Sobre Todo Nome” com a banda Central 3, e a acompanhar artistas em turnês nacionais. Passou por diferentes fases e estilos, esteve em gravações de músicas de sucesso como “Figurante”, acompanhou Amanda Rodrigues em sua transição do gospel para o secular e participou do projeto Cultura do Céu, com Davi Fernandes.
O reconhecimento veio aos poucos, até que, em 2023, entrou para a banda da cantora Gabriela Rocha. Com ela, percorreu turnês pela Europa e participou da produção do álbum “A Igreja”, que teve a música “Toda Terra” indicada ao Prêmio Multishow em 2024. O menino órfão de Manhuaçu agora era produtor de álbuns que alcançavam milhões de pessoas.
Além de Gabriela Rocha, Renato esteve em produções e gravações com nomes como Isadora Pompeo, Isaías Saad, Gabriel Guedes, Wesley Santos e André Felipe, consolidando sua presença no cenário gospel. Mais do que acompanhar grandes artistas, ele se tornou parte da construção de músicas que marcaram gerações.
Hoje, com 13 anos de carreira, Renato olha para trás e vê sua história não apenas como uma coleção de conquistas, mas como prova de que a fé, a perseverança e a música podem transformar trajetórias. “Eu sei de onde vim e o que precisei enfrentar para chegar até aqui. A música me salvou em um momento em que tudo parecia perdido. Hoje, ela é também a forma como posso inspirar outros a não desistirem”, diz.
De menino órfão sem recursos a produtor e músico reconhecido, Renato Lima carrega em cada acorde a lembrança do que venceu e a esperança do que ainda pode construir. Sua vida é um testemunho de que sonhos, quando sustentados por fé e dedicação, podem atravessar qualquer dor e alcançar multidões.
